As (amplas) liberdades do sistema
(excertos das palavras proferidas pelo Professor António José de Brito no Porto no passado dia 28 de Maio - in O DIABO de 20/06/06)
(excertos das palavras proferidas pelo Professor António José de Brito no Porto no passado dia 28 de Maio - in O DIABO de 20/06/06)
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Éramos uma nação e passamos a ser um canapé anárquico da Europa. Diz-se que, em troca, ganhámos imensas coisas preciosas. E começam a enumerá-las. Temos liberdade de opinião. Mas que é uma opinião? O ilustre pensador Jean-Paul Sartre abriu, brilhantemente, o caminho explicando que o anti-semitismo não era uma opinião. E, hoje em dia, não é uma opinião o fascismo, o princípio do chefe não é uma opinião, o colonialismo não é uma opinião, o fundamentalismo não é uma opinião e o velho aforismo «o interesse geral está acima do interesse particular» não é uma opinião. Na Austria alemã, esse modelo de liberalismo, um partidozinho foi logo proíbido porque proclamava «Gemeinutz von Eigenutz». Isso foi considerado filo-nazismo que, pelos vistos, também não é uma opinião. E assim sucessivamente. A liberdade de opinião é a liberdade de ter a opinião deles, a que desgoverna o mundo. As outras opiniões...não são opiniões !
Acrescenta-se que não há felizmente partido único. Pois não. Procurem, todavia, criar um partido contra o Sistema e vejam onde vão parar.
Há uma lei, brilhante e sábia que proíbe a formação de partidos fascistas, com uma noção de fascismo tão ampla que abrange o simples corporativismo. O pobre Leão XIII ver-se-ia em bolandas nestes deliciosos tempos!
Mas não possuímos vários partidos? Oh, decerto com tantas diferenças que são todos pela constituição, só pela constituição e apenas pela constituição. Divergem, como se sabe, em decidir, v.g., se para ser proprietário de uma farmácia basta o dinheirinho ou é preciso um diploma. Questão vital, consoante bem se percebe. Aliás, não há um só que não seja abrilista, comportando-se todos como secções de um partido único.
Brada-se que acabaram os dogmatismos próprios da outra senhora. Optimo, diremos. Possuímos, então, a liberdade de ser contra a liberdade. Mas, logo se ouve uma voz severa esclarecer: não, meus caros, não há liberdade contra a liberdade.
Com o que a liberdade passa a ser obrigatória: e se é obrigatória não é liberdade. Surge, assim, um novo dogmatismo e o mais absurdo - o dogmatismo da liberdade.
E que dizer da democracia que as massas amorfas e as elites refinadas idolatram com êxtase? Não é um outro dogmatismo e, honra lhe seja, bem falaccioso? Se numa clássica definição, representa o governo do povo pelo povo, afinal o povo é governado e governante ao mesmo tempo? Isto é, ao fim e ao cabo, não há governantes. E não exager, porque um dos grandes teóricos da democracia, Hans Kelsen, ensinava que só por a anaquia ser práticamente impossível se optava pela democracia! E um filósofo, que nada tinha de reaccionário, Augusto Comte, exclamava (salvo erro) «toda a escolha dos superiores pelos inferiores é profundamente anárquica».
Um último dogma, porém, esse de índole muito especial acaba de surgir - é o holocausto. O holocausto apresenta-se como um facto histórico. Os anti-dogmáticos afirmam com ar grave que a hist´ria alemã está sempre sujeita a revisão, a alterações, a novas descobertas e assim por diante. Tente-se, contudo, exercer a crítica sobre o holocausto, apontar aspectos que se assemelham estranhos ou discutíveis. Caem o Carmo e a Trindade, chovem as demissões, as multas, as penas de prisão, sem falar nas injúrias e calúnias, o que é o menos. Até neste canapé anárquico se ergueram os brados de protesto face a declarações do presidente do Irão sobre o holocausto.
Até S.Marcelo dos domingos, esquecendo a sua habitual prudência, lá pareceu a sagrar o holocausto qual verdade histórica, esquecendo-se que há centenas de anos as cortes de Lamego, igualmente eram uma verdade histórica. Enfim, uma festa!
Talvez, or acaso, na citada Áustria, nessa altura, estava a ser julgado David Irving por negacionismo. Ignoro o que se passou realmente no julgamento e se, como pretenderam as notícias televisivas, ele se penetenciou das suas dúvidas. O que vi foi um belo ar de satisfação por parte do locutor da televisão do Estado e ouvi-lhe, mais ou menos, as palavras «de nada lhe valeu ter mudado de opinião». A inquisição ainda admitia o arrependimento. Os nossos anti-fascistas são mais restritos. O ter passado pelo cérebro de alguém uma vacilação, depois abandonada, sobre o holocausto já é delito. Isto anuncia brilhantes amanhãs que cantam!
Um personagem que pretende ser das mais altas autoridades espirituais do mundo anda em peregrinação pela terra. Foi visitar o túmulo de S. Luís que morreu em cruzada contra os infiéis ? Nem por sombras, que as cruzadas suscitaram pedidos de desculpa por parte do seu glorioso antecessor! Ele marchou para o lugar que é símbolo da nova crença - Auschwitz. Nem o fez hesitar que, em Nuremberga, um dos chefes do campo tivesse falado em três milhões de mortos (o outro faleceu na prisão com um conveniente ataque cardíaco antes de ser julgado na R.F.A.) e o número ter, agora, baixado de cerca de metade. Tão estranha diminuição não o perturbou. E seguiu impávido na sua rota!
É de origem alemã tal pretensa autoridade espiritual. Isto leva-nos a lembrar que a Alemanha deu espectáculos de inultrapassado heroísmo durante a guerra, heroísmo que me faz sentir bem pequenino e de que guardo reverente no coração como modelo para qualquer homem digno. Quanto a grande número dos alemães de hoje, nem quero falar. Procuremos, além das ruínas desta ex-nação, construir o Quinto Império em que reine o princípio - o bem comum esteja acima do bem particular, vigorem a ordem, a hierarquia, a disciplina e seja um só a mandar, porque, como diz Homero pela boca de Ulisses, « o comando de vários não é bom, haja um chefe único».
Éramos uma nação e passamos a ser um canapé anárquico da Europa. Diz-se que, em troca, ganhámos imensas coisas preciosas. E começam a enumerá-las. Temos liberdade de opinião. Mas que é uma opinião? O ilustre pensador Jean-Paul Sartre abriu, brilhantemente, o caminho explicando que o anti-semitismo não era uma opinião. E, hoje em dia, não é uma opinião o fascismo, o princípio do chefe não é uma opinião, o colonialismo não é uma opinião, o fundamentalismo não é uma opinião e o velho aforismo «o interesse geral está acima do interesse particular» não é uma opinião. Na Austria alemã, esse modelo de liberalismo, um partidozinho foi logo proíbido porque proclamava «Gemeinutz von Eigenutz». Isso foi considerado filo-nazismo que, pelos vistos, também não é uma opinião. E assim sucessivamente. A liberdade de opinião é a liberdade de ter a opinião deles, a que desgoverna o mundo. As outras opiniões...não são opiniões !
Acrescenta-se que não há felizmente partido único. Pois não. Procurem, todavia, criar um partido contra o Sistema e vejam onde vão parar.
Há uma lei, brilhante e sábia que proíbe a formação de partidos fascistas, com uma noção de fascismo tão ampla que abrange o simples corporativismo. O pobre Leão XIII ver-se-ia em bolandas nestes deliciosos tempos!
Mas não possuímos vários partidos? Oh, decerto com tantas diferenças que são todos pela constituição, só pela constituição e apenas pela constituição. Divergem, como se sabe, em decidir, v.g., se para ser proprietário de uma farmácia basta o dinheirinho ou é preciso um diploma. Questão vital, consoante bem se percebe. Aliás, não há um só que não seja abrilista, comportando-se todos como secções de um partido único.
Brada-se que acabaram os dogmatismos próprios da outra senhora. Optimo, diremos. Possuímos, então, a liberdade de ser contra a liberdade. Mas, logo se ouve uma voz severa esclarecer: não, meus caros, não há liberdade contra a liberdade.
Com o que a liberdade passa a ser obrigatória: e se é obrigatória não é liberdade. Surge, assim, um novo dogmatismo e o mais absurdo - o dogmatismo da liberdade.
E que dizer da democracia que as massas amorfas e as elites refinadas idolatram com êxtase? Não é um outro dogmatismo e, honra lhe seja, bem falaccioso? Se numa clássica definição, representa o governo do povo pelo povo, afinal o povo é governado e governante ao mesmo tempo? Isto é, ao fim e ao cabo, não há governantes. E não exager, porque um dos grandes teóricos da democracia, Hans Kelsen, ensinava que só por a anaquia ser práticamente impossível se optava pela democracia! E um filósofo, que nada tinha de reaccionário, Augusto Comte, exclamava (salvo erro) «toda a escolha dos superiores pelos inferiores é profundamente anárquica».
Um último dogma, porém, esse de índole muito especial acaba de surgir - é o holocausto. O holocausto apresenta-se como um facto histórico. Os anti-dogmáticos afirmam com ar grave que a hist´ria alemã está sempre sujeita a revisão, a alterações, a novas descobertas e assim por diante. Tente-se, contudo, exercer a crítica sobre o holocausto, apontar aspectos que se assemelham estranhos ou discutíveis. Caem o Carmo e a Trindade, chovem as demissões, as multas, as penas de prisão, sem falar nas injúrias e calúnias, o que é o menos. Até neste canapé anárquico se ergueram os brados de protesto face a declarações do presidente do Irão sobre o holocausto.
Até S.Marcelo dos domingos, esquecendo a sua habitual prudência, lá pareceu a sagrar o holocausto qual verdade histórica, esquecendo-se que há centenas de anos as cortes de Lamego, igualmente eram uma verdade histórica. Enfim, uma festa!
Talvez, or acaso, na citada Áustria, nessa altura, estava a ser julgado David Irving por negacionismo. Ignoro o que se passou realmente no julgamento e se, como pretenderam as notícias televisivas, ele se penetenciou das suas dúvidas. O que vi foi um belo ar de satisfação por parte do locutor da televisão do Estado e ouvi-lhe, mais ou menos, as palavras «de nada lhe valeu ter mudado de opinião». A inquisição ainda admitia o arrependimento. Os nossos anti-fascistas são mais restritos. O ter passado pelo cérebro de alguém uma vacilação, depois abandonada, sobre o holocausto já é delito. Isto anuncia brilhantes amanhãs que cantam!
Um personagem que pretende ser das mais altas autoridades espirituais do mundo anda em peregrinação pela terra. Foi visitar o túmulo de S. Luís que morreu em cruzada contra os infiéis ? Nem por sombras, que as cruzadas suscitaram pedidos de desculpa por parte do seu glorioso antecessor! Ele marchou para o lugar que é símbolo da nova crença - Auschwitz. Nem o fez hesitar que, em Nuremberga, um dos chefes do campo tivesse falado em três milhões de mortos (o outro faleceu na prisão com um conveniente ataque cardíaco antes de ser julgado na R.F.A.) e o número ter, agora, baixado de cerca de metade. Tão estranha diminuição não o perturbou. E seguiu impávido na sua rota!
É de origem alemã tal pretensa autoridade espiritual. Isto leva-nos a lembrar que a Alemanha deu espectáculos de inultrapassado heroísmo durante a guerra, heroísmo que me faz sentir bem pequenino e de que guardo reverente no coração como modelo para qualquer homem digno. Quanto a grande número dos alemães de hoje, nem quero falar. Procuremos, além das ruínas desta ex-nação, construir o Quinto Império em que reine o princípio - o bem comum esteja acima do bem particular, vigorem a ordem, a hierarquia, a disciplina e seja um só a mandar, porque, como diz Homero pela boca de Ulisses, « o comando de vários não é bom, haja um chefe único».
Viva o Fascismo!
António José de Brito »
António José de Brito »
(descaradamente roubado do blog corserpentis88.blogspot.com)