sexta-feira, julho 06, 2007

DESTAK-Entrevista a José Pinto Coelho


«Queremos acabar com a EMEL porque é uma empresa pública que serve apenas para roubar os lisboetas.»
JOSÉ PINTO COELHO
«Ota foi uma monumental estupidez e hoje é uma monumental teimosia»
05 07 2007 10.14H
O candidato do Partido Nacional Renovador à CML defende a aposta na segurança da capital com a criação de uma polícia única, fortemente militarizada, e de uma nova Lei da Imigração, que aumente o controlo das entradas no País. Pinto Coelho acrescenta, ainda, que é possível lutar contra a desertificação da cidade através da família e que o buraco financeiro em que a Câmara se encontra «é inaceitável quando há um orçamento disponível de mais de 500 mil contos por dia».
Patrícia Susano Ferreira pferreira@destak.pt
Em que é que a cidade mudou mais nos últimos anos?
As pessoas sentem saudades daquela Lisboa limpa, arrumada e segura. Ao longo dos anos, a característica que mais se destaca é a degradação progressiva, com a desertificação e a insegurança.
Como é possível evitar a desertificação da capital?
Em Lisboa, está a acontecer o mesmo que no Interior: está a criar-se um vácuo no meio de vários bairros dormitórios, por causa da especulação imobiliária que faz das casas de Lisboa das mais caras das cidades europeias. A solução é investir na família, um factor que depende do Governo, mas também da Câmara.
A EPUL, por exemplo, faz todo o sentido, mas tem de vender a preços acessíveis. Também eram importantes políticas de incentivo à compra e arrendamento de habitação, com benefícios fiscais e tarifas de água e luz mais baratas para as famílias numerosas.
Qual seria o melhor caminho para tornar Lisboa segura?
Tem de haver uma política integrada. A situação de Lisboa e do País em geral é de assaltos, tiroteios, roubos por esticão e bairros onde quem dita a lei são os gangues locais.
Devia haver uma nova Lei da Imigração, porque a actual é irresponsável, de portas abertas e em que entra todo o estilo de gente. É precisa uma lei que reverta os fluxos migratórios e que acabe com a reagrupamento familiar, pois o imigrante acaba por trazer a mulher e, depois, tem dez filhos e trá-los.
Referiu que queria acabar com a GNR e a PSP. Quais as alterações necessárias na polícia?
Não é extinguir os polícias, mas criar uma nova polícia, algo que o próprio Sindicato dos Profissionais da Polícia também defende. É urgente que se reorganize os serviços policiais para fazerem face às necessidades do Mundo actual. O crime organizado e a criminalidade não param de crescer, as ameaças terroristas são uma realidade e o País não tem uma polícia adequada; tem várias polícias.
É preciso dotar a polícia de mei-os, de autoridade e de preparação, para criar uma polícia fortemente militarizada e, depois, uma polícia municipal, vocacionada para um policiamento de quadrícula e de dissuasão, com um estatuto bem clarificado.
E como reduzir o trânsito?
Não alinhamos nas ideias demagógicas das bicicletas, porque Lisboa é a cidade das sete colinas. Gostava de ver os políticos a andarem de bicicleta. Para minimizar o trânsito, os transportes têm de ser mais eficazes, ser construídos parques de estacionamento tipo silos, no centro da cidade, e bons parques na periferia, com um bilhete integrado de acesso a todos os transportes.
O metro deve estender-se para o lado ocidental, porque a Estrela, Campo de Ourique, Restelo, Belém e Alcântara são esquecidos, o horário do metro alargado e as ruas devem passar a ter só um sentido de trânsito.
Acha que é possível governar uma cidade como Lisboa com o actual buraco financeiro?
Inaceitável é como Lisboa tem este buraco financeiro, tendo um orçamento de mais de 200 milhões de contos por ano, mais de 500 mil contos por dia, um orçamento superior a muitos ministérios.
Não é ingovernável; é inaceitável como chegou a este ponto, com tachos e mordomias sem fim, um batalhão de assessores e empresas que não servem para nada. Lisboa é viável, mas não pode ser roubada, como tem sido nos últimos 30 e tal anos.
Quando ao novo aeroporto?
Defendemos a opção Portela+ 1. A Ota começou por ser uma monumental estupidez. Hoje, é uma monumental teimosia. A saída do aeroporto é um atentado: é tirar a capital dos itinerários turísticos.
As sondagens apontam António Costa como o futuro presidente. Pode ser um bom líder?
Pode ser um péssimo presidente e um péssimo líder, como os partidos do 'sistema' também o serão.

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