Carta às Mulheres -
Mário Machado
Amigas e Camaradas,
Costumo usar repetidamente a expressão de que tudo o que tenhamos para dizer, já alguém o disse e melhor.Queria escrever algo para as nossas mulheres que tão fielmente nos têm acompanhado no combate nacionalista, e como dedicadas companheiras no amor e carinho que tanto precisamos.
Quando li Ramalho Ortigão, pensei - "aqui está", é mesmo isto que lhes tenho para dizer.Vocês merecem, aqui vai:
"O amor conjugal não é simplesmente um sentimento: é um culto.A posse de per si é apenas o combinado. A posse e o dever é que constituem a família. Quando a posse e o dever se desunem, para os simples amantes resta apenas a miséria; para as esposas há ainda o sacrifício, porque para elas, acima de tudo a dedicação ao objecto amado, existe o respeito ao amor.
A mulher deve acompanhar o homem à desgraça, ao infortúnio, à morte, se quiserem. Não pode acompanhá-lo à desonra nem ao mal. A obrigação da Esposa é guardar, no seu amor pelo menos, no seu próprio ser imaculado, do marido percurso alguma coisa boa, do marido infamado alguma coisa pura. Quando a posse e o dever se desunem, para os simples amantes resta apenas a miséria; para as esposas há ainda o sacrifício, porque para elas, acima de tudo a dedicação ao objecto amado, existe o respeito ao amor.
Henrique Flamenj estava condenado à morte como herege, na véspera do dia em que ele devia ser queimado os juízes propuseram-lhe o perdão a troco do simples depoimento de que não era legítima a sua mulher.
Aquele pobre homem, simples e obscuro, seria pelo facto dessa declaração restituído à sua liberdade, à sua família, à vida, ao mundo, à felicidade. Negou a declaração pedida e morreu na fogueira, preferindo à sua vida a honra da sua casa.
É este heroísmo o que devem tomar como norma da sua dedicação as mulheres heróicas.
Quando a perversidade, a desonra, a ignomínia envolvem o nome de um homem, a mulher, se não pode pelo seu afecto regenerar-lhe o coração, pode cobrir-lhe pelo menos a memória perseverando no bem. Não é inteiramente maldito aquele de quem se pode dizer depois da narração de todos os seus erros ou de todos os seus crimes: 'MAS ERA O MARIDO DE UMA TERNA E DOCE MULHER, DIGNA, PURA, CÂNDIDA E BOA' '
Costumo usar repetidamente a expressão de que tudo o que tenhamos para dizer, já alguém o disse e melhor.Queria escrever algo para as nossas mulheres que tão fielmente nos têm acompanhado no combate nacionalista, e como dedicadas companheiras no amor e carinho que tanto precisamos.
Quando li Ramalho Ortigão, pensei - "aqui está", é mesmo isto que lhes tenho para dizer.Vocês merecem, aqui vai:
"O amor conjugal não é simplesmente um sentimento: é um culto.A posse de per si é apenas o combinado. A posse e o dever é que constituem a família. Quando a posse e o dever se desunem, para os simples amantes resta apenas a miséria; para as esposas há ainda o sacrifício, porque para elas, acima de tudo a dedicação ao objecto amado, existe o respeito ao amor.
A mulher deve acompanhar o homem à desgraça, ao infortúnio, à morte, se quiserem. Não pode acompanhá-lo à desonra nem ao mal. A obrigação da Esposa é guardar, no seu amor pelo menos, no seu próprio ser imaculado, do marido percurso alguma coisa boa, do marido infamado alguma coisa pura. Quando a posse e o dever se desunem, para os simples amantes resta apenas a miséria; para as esposas há ainda o sacrifício, porque para elas, acima de tudo a dedicação ao objecto amado, existe o respeito ao amor.
Henrique Flamenj estava condenado à morte como herege, na véspera do dia em que ele devia ser queimado os juízes propuseram-lhe o perdão a troco do simples depoimento de que não era legítima a sua mulher.
Aquele pobre homem, simples e obscuro, seria pelo facto dessa declaração restituído à sua liberdade, à sua família, à vida, ao mundo, à felicidade. Negou a declaração pedida e morreu na fogueira, preferindo à sua vida a honra da sua casa.
É este heroísmo o que devem tomar como norma da sua dedicação as mulheres heróicas.
Quando a perversidade, a desonra, a ignomínia envolvem o nome de um homem, a mulher, se não pode pelo seu afecto regenerar-lhe o coração, pode cobrir-lhe pelo menos a memória perseverando no bem. Não é inteiramente maldito aquele de quem se pode dizer depois da narração de todos os seus erros ou de todos os seus crimes: 'MAS ERA O MARIDO DE UMA TERNA E DOCE MULHER, DIGNA, PURA, CÂNDIDA E BOA' '